Postado por: Thales Alexandre
Alguns
suplementos alimentares serão tratados pelo blog, assim como foi feito com a
creatina em um post anterior. O texto abaixo será direcionado a outro
suplemento amplamente conhecido por praticantes de atividades físicas de todo
tipo e até mesmo por pessoas sedentárias, o Whey Protein. O assunto será
tratado de forma que atinga a todos que porventura se interessem sobre o assunto, mencionando dados científicos importantes e eliminando algumas dúvidas
e mitos recorrentes sobre o produto.
O que é o whey protein?
O que é o whey protein?
Whey
é uma substância natural, a parte líquida que resta no processo de fabricação
do queijo, e é usada no tratamento de problemas de saúde desde o tempo de
Hipócrates (446-337 BC), que o receitava aos seus pacientes com o intuito de
melhorar o sistema imunológico e o crescimento muscular. Desde então foi
redescoberto várias vezes em diversas regiões do globo, sendo que sempre eram
percebidas nele propriedades potencializadoras de força, resistência e
imunidade.
O
Whey Protein como é conhecido passou a existir graças aos esportes de força
como o levantamento de peso. Os atletas dessa categoria consumiam grandes
quantidades de proteínas, e várias empresas criaram produtos tentando
satisfazer essas necessidades. Nos anos 1950 a revista “Bob Hoffman of Strength and Health” começou a vender tabletes com alto valor
proteico já contend whey, uma forma muito mais prática de obter o nutriente e
que rapidamente ganhou fama, dando início a popularização dos suplementos
proteicos. Mesmo assim, por muito tempo a indústria de alimentos desperdiçou o
whey nas suas produções em larga escala, jogando ele fora como resto indesejado,
somente a
partir da década de 70, os cientistas passaram a estudar as propriedades dessas
proteínas.
Os suplementos que existem hoje no mercado
são uma forma muito mais refinada do que de alguns anos atrás. As novas
tecnologias possibilitam processos que separam quase completamente as proteínas
desejadas de todo o resto. As proteínas presentes no whey são:
Betalactoglobulina, alfa-lactalbumina imunoglobulinas, glicomacropeptideos,
albumina de soro bovina e pequenos peptídeos como lactoperoxidases, lisozima e
lactoferrina. Todas elas juntas constituem apenas vinte por cento do teor total
de proteínas do leite.
A proteína do
soro do leite concentrada (whey protein concentrate ou WPC) foi o primeiro tipo de whey protein a surgir em larga
escala no mercado. Os pós de whey protein de primeira geração continham entre
30 a 40% de proteínas, alto teor de lactose, gordura e proteinas desnaturadas,
sendo usado pela industria alimentícia para confeitaria e outras coisas. O whey
protein concentrado dos dias atuais possui entre 70-80%+ de proteínas e teores
de lactose e gordura bem inferiores que antigamente (embora ainda os tenha).
Muitos acreditam que essa forma do produto é de qualidade inferior à isolada, o
que não é necessariamente verdade. Embora o whey protein isolado contenha mais
gramas de proteína por gramas totais do produto, um WPC de boa procedência
contém compostos que não estão presentes na outra forma, como quantidade
comparativamente mais alta de fatores de crescimento como IGF-1, TGF-1 e TGF-2,
fosfolipídios e imunoglobulinas.
A proteína do soro do leite
isolada (whey protein isolate ou WPI)
contém entre 90-96% de proteínas e passam por um processamento muito mais
complicado que o dos WPC para que a proteína contida nele não seja desnaturada,
o que é essencial para que ela mantenha sua função anti-cancerígena e
estimulante do sistema imunológico.
Há também as proteínas do soro do leite hidrolisadas,
proteínas já parcialmente “quebradas” e que podem ser melhor absorvidas em
certas condições (vítmas de queimaduras ou pessoas com determinados distúrbios
digestivos, por exemplo). O seu efeito em atletas ainda é pouco estudado: Há um
estudo feito em ratos no qual um rato que ingeriu proteínas hidrolisadas teve
melhor retenção de hidrogêneo que os que ingeriram proteínas em estado íntegro,
mas, infelizmente, até hoje não houve continuação desses estudos em humanos que
possam melhor definir o uso de proteínas hidrolisadas.
Utilização do whey protein em atividades físicas:
A popularidade atual do
whey protein se deve sem dúvidas ao seu uso crescente entre praticantes de
atividades físicas. Estudos comprovam que praticantes de exercícios de
resitência necessitam entre 1,2 a 1,4 g de proteína por kg de massa corporal
por dia, enquanto atletas de força entre 1,6 a 1,7. É comprovado também que a ingestão
de proteína até duas a três horas após a prática de exercícios pode
potencializar a recuperação e síntese proteica muscular e que enquanto
menor o intervalo entre o término do treino e a refeição, melhor a resposta
anabólica do corpo.
A proteína do soro do
leite é capaz de estimular a hipertrofia muscular e o ganho de força por várias
vias diferentes. Acredita-se que seu perfil
de aminoácidos, principalmente pelo nível de concentração de leucina, que participa do processo de
iniciação da ativação da síntese protéica, pode favorecer o anabolismo
muscular, além de ser muito similar ao perfil das proteínas do músculo
esquelético, fornecendo quase todos os aminoácidos em proporção similar ao
mesmo. Em outro estudo foi observado significante ganho de massa muscular em
adultos jovens suplementados com soro e submetidos a um programa de exercício
com pesos, quando comparado a um grupo não suplementado.
Pesquisas comprovam também
a eficiência das proteínas do soro em auxiliar a perda de gordura corporal graças ao cálcio nele presente, que reduz
as concentrações dos hormônios calcitrópicos, que são responsáveis por induzir
a captura de cálcio por adipócitos o que leva à lipogênese e à redução da
lipólise e a sua atuação nos hormônios
CCK e GLP- 1, que produzem efeito supressor do apetite. Além disso, sua alta concentração de BCAAs permite a preservação de massa muscular e auxilia
no controle da glicemia em dietas para perda de peso.
Há estudos tentando
relacionar o consumo de whey protein diretamente com o desempenho físico. Um
trabalho feito com um grupo suplementado com WPC e outro com caseína (placebo)
indicou, no grupo suplementado, um aumento na potência e quantidade de trabalho
em testes de velocidade, além de maior concentração de glutationa, importante agente
antioxidante do corpo humano. Esse foi o primeiro trabalho feito com esse
intuito e, apesar dos resultados positivos, é importante que novos trabalhos
sejam feitos para melhor compreender esses efeitos.
A capacidade de reduzir gordura corporal, melhorar o anabolismo muscular e aumentar a resposta imunológica e antioxidante do whey o torna um potente candidato ao uso para combater diversas doenças e problemas de saúde. Com o recente avanço da tecnologia, as proteínas do soro vem fazendo cada vez mais parte de vários compostos do dia-a-dia, como alimentos, fórmulas medicamentosas e controladores de humor. Estudos abordam os benefícios da suplementação com whey em casos de câncer, HIV, hepatite, doenças cardiovasculares, infecções, osteoporose e outros. A facilidade de absorção das proteínas separadamente da caseína e outros compostos do leite o tornam uma ótima opção para pessoas em situações que a dificultam. O baixo teor de lactose no soro, principalmente no WPI, o torna uma opção mais confortável que o leite para quem possui intolerância a esse açúcar.
Risco
no uso excessivo de whey:
Os riscos do consumo em excesso do whey está
relacionado ao consumo em excesso de proteínas em geral, o mais conhecido e
estudado deles é a sobrecarga excessiva dos rins, já que o consumo exacerbado
de proteínas aumenta a reabsorção de NaCL no organismo, diminuindo a sensibilidade
da resposta tubuloglomerular, o que aumenta a frequência de filtração
glomerular. Essa condição, associada a outras deficiências renais, pode causar
dano glomerular permanente. Existe também uma doença metabólica causada por ingestões extremas de
proteína (acima de 200g diários) simultânea à ingestão inadequada de outras
fontes de calorias (carboidratos e lipídios) e que pode levar a morte,
conhecida como “rabbit starvation”.
Proteínas não utilizadas pelo corpo podem,
além disso, ser convertidas em gordura e armanzenadas no organismo, o que
certamente vai contra o objetivo da maioria das pessoas que buscam esse tipo de
suplemento.
Distúrbios gastrointestinais podem ocorrer em
certas pessoas relacionado à uma dieta desbalanceada e ao consumo demasiado de
certos nutrientes. Há também aqueles que possuem intolerância à lactose, e
apenas conseguem tolerar as formas mais isoladas de whey protein, que custumam
ser também mais caras.
Existem relativamente poucos estudos e
evidências que relacionem a ingestão elevada de proteínas com o desenvolvivento
de patologias graves ou doenças crônicas.
Referências Bibliográficas:
K. Haraguchi, Fabiano ;
C. De Abreu, Wilson; de Paula, Heberth - Proteínas do soro do leite:
composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para
a saúde humana: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732006000400007&lng=en&nrm=iso
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